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Astrônomos do mundo todo se mostram indignados com frota de satélites da SpaceX

Os satélites Starlink, projetados para entregar internet a todo planeta, podem prejudicar drasticamente a observação do céu noturno

Imagine você estar observando o céu noturno e ver um trem de satélites cruzando o céu em formação. Parece legal! E com certeza é uma experiência e tanto. Agora imagine não 60 deles, mas sim 12.000. Adicione mais alguns milhares e o caos celeste está formado.


A American Astronomical Society – principal organização dos astrônomos norte-americanos – disse estar conversando com a SpaceX sobre o lançamento dos 12.000 satélites Starlink. Os astrônomos (não só dos EUA como do mundo todo) temem que esses satélites interfiram na observação do céu noturno.

Pra quem ainda não ficou sabendo, a empresa SpaceX, do bilionário Elon Musk, lançou recentemente 60 satélites de comunicação, e em poucos dias, observadores do céu registraram “um trem de satélites brilhantes” sobrevoando em formação. Sua estrutura metálica reflete bem a luz solar. Estamos falando de apenas 60 satélites, mas devemos lembrar que a intenção da SpaceX é de colocar 12.000 iguais a esses, que forneceriam serviços de internet para o mundo todo.

“Eu acho que é uma engenharia louvável e muito impressionante espalhar a informação e as oportunidades possibilitadas pelo acesso à internet”, disse Megan Donahue, da Universidade Estadual de Michigan e presidente da Sociedade Americana de Astronomia (AAS). “Mas eu, como muitos astrônomos, estou muito preocupada com o futuro desses novos satélites brilhantes.

Satélites Starlink
Uma visão dos 60 satélites Starlink enviados em maio de 2019, ainda alinhados e com a Terra de fundo.
Créditos: SpaceX

Não apenas os satélites Starlink como também os enxames similares que estão sendo desenvolvidos por outras empresas podem futuramente se tornar mais visíveis do que as estrelas no céu noturno, e isso é alarmante.

Um trecho de um comunicado emitido pela AAS durante uma reunião em St. Louis, Missouri, EUA, diz o seguinte:

A American Astronomical Society observa com preocupação a implantação iminente de grandes constelações de satélites na órbita da Terra. Prevê-se que o número de tais satélites aumente para dezenas de milhares nos próximos anos, criando potencial para impactos adversos substanciais na astronomia terrestre e espacial. Esses impactos podem incluir perturbações significativas de observações óticas e infravermelhas por meio da detecção direta de satélites em luz refletida e emitida; contaminação de observações radioastronômicas por radiação electromagnética em bandas de comunicação por satélite; e colisão com observatórios espaciais.

Jeffrey C. Hall, do Observatório Lowell, é presidente do comitê de AAS sobre poluição luminosa, interferência de rádio e detritos espaciais. Ele disse que “o céu noturno natural é um recurso não apenas para os astrônomos, mas para todos que olham para cima, para entender e apreciar o esplendor do Universo, e sua degradação tem muitos impactos negativos além do astronômico.

Vale lembrar que não apenas os satélites, como a poluição luminosa, produzida pela iluminação de grandes cidades, também atrapalha (e muito) a observação do céu noturno.

Grupo de galáxias NGC 5353-4 e rastros de 25 dos satélites Starlink
Grupo de galáxias NGC 5353/4 e rastros de 25 dos satélites Starlink.
Registro feito pelo Observatório Lowell, no Arizona, EUA.
Créditos: IAU / Victoria Girgis / Lowell Observatory

Tendo isso em mente, toda a sociedade deveria repensar a forma como utilizamos nossa tecnologia, afinal de contas, avanço científico sem um mínimo de conscientização pode significar um retrocesso gigantesco.

De fato, se nenhuma atitude for tomada para a diminuição de interferências para observadores do céu (e claro, pra todos aqueles que olham para cima), toda a sociedade irá perder a chance de apreciar as estrelas.

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